Mensagens vazadas pelo Intercept Brasil mostram que força-tarefa da Lava Jato atuou com o objetivo de impedir vitória eleitoral de Fernando Haddad e antecipar prisão de Lula fazendo uso de provas consideradas inconsistentes pelos próprios acusadores.
Uma série de três reportagens publicadas neste domingo (09/06) pelo The Intercept Brasil expõe mensagens e áudios do ex-juiz federal Sérgio Moro, do procurador Deltan Dallagnol e outros membros do Ministério Público do Paraná que mostram atuação conjunta dos dois para impedir uma vitória eleitoral de Fernando Haddad, antecipar a prisão de Lula e até mesmo apresentar provas sobre as quais o procurador tinha dúvidas.
Material obtido com exclusividade pelo The Intercept há cerca de um mês após vazamento de hacker que teve acesso ao telefone do atual ministro da Justiça aponta que a força-tarefa da Lava Jato atuou no caso Lula motivado por questões políticas. Nos textos, fica evidente uma colaboração inconstitucional entre o então juiz Sérgio Moro e o procurador do Ministério Público Deltan Dallagnol.
Um dos elementos mostra que os procuradores da Lava Jato falavam abertamente sobre seu desejo de impedir a vitória eleitoral do PT e tomaram atitudes para atingir esse objetivo; e que o juiz Moro colaborou de forma secreta e antiética com os procuradores da operação para ajudar a montar a acusação contra Lula.
Uma parte dos arquivos revela que os procuradores da Lava Jato tramaram para impedir que o PT ganhasse a eleição presidencial de 2018, bloqueando ou enfraquecendo uma entrevista pré-eleitoral com Lula com o objetivo explícito de afetar o resultado da eleição.
Liderado por Dallagnol, os procuradores da força-tarefa em Curitiba discutiram formas de inviabilizar uma entrevista do ex-presidente Lula à colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski porque, em suas palavras, ela “pode eleger o Haddad” ou permitir a “volta do PT” ao poder.
Outro ponto levantado pelas reportagens revela a insegurança do próprio Dallagnol em relação a acusação que levou Lula à prisão em abril do ano passado. “Ele [Dallagnol] estava inseguro justamente sobre o ponto central da acusação que seria assinada por ele e seus colegas: que Lula havia recebido de presente um apartamento triplex na praia do Guarujá após favorecer a empreiteira OAS em contratos com a Petrobras”, mostra a reportagem.
Em outro momento, a matéria aponta que Moro e Dallagnol foram muito além do papel que lhes cabiam enquanto juiz e procurador. Em diversas conversas privadas, Moro sugeriu ao procurador que trocasse a ordem de fases da Lava Jato, cobrou agilidade em novas operações, deu conselhos estratégicos e pistas informais de investigação, antecipou ao menos uma decisão, criticou e sugeriu recursos ao Ministério Público e deu broncas em Dallagnol como se ele fosse um superior hierárquico dos procuradores e da Polícia Federal.
Em nota, a Força-Tarefa da Lava Jato do MP do Paraná disse que seus membros foram vítimas de uma “ação hacker”, a qual classificaram de criminosa. “Há a tranquilidade de que os dados eventualmente obtidos refletem uma atividade desenvolvida com pleno respeito à legalidade e de forma técnica e imparcial, em mais de cinco anos de Operação”, afirma o texto.
(*) Com Revista Fórum e Brasil de Fato
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