Uma das maiores bandas Pop dos anos 80 voltou com tudo. E melhor: com sua formação original. Na década de 80 eles eram presença garantida em programas de televisão, como Chacrinha, Gugu Liberato, Raul Gil, Faustão (Perdidos na Noite), Balão Mágico, dentre outros; além de comerciais de TV. Hits como Olhar; Tudo Pode Mudar; Beat Acelerado; Sândalo de Dândi; Johnny Love; Ti Ti Ti, entre outros, marcaram a vida de muita gente. Estamos falando do grupo Metrô. Você se lembra?

Década de 70, cinco colegas franco-brasileiros que estudavam juntos no Lycée Pasteur, colégio francês de São Paulo: a atriz e modelo Virginie Boutaud (vocais), Alec Haiat (guitarra), Yann Laouenan (teclados), Xavier Leblanc (baixo) e Daniel “Dany” Roland (bateria). Eles começaram em 1978 com o nome de “A Gota Suspensa”, chegaram a gravar um disco com esse nome. Mas foi em 1984, já com o nome Metrô que a banda explodiu ao lançar compacto ‘Beat Acelerado’, que trazia em seu Lado B ‘Sândalo de Dândi’. Em 1985 a banda lança seu primeiro álbum – ‘Olhar’ produzido por Luiz Carlos Maluly, logo se tornou um dos grupos mais famosos e bem-sucedidos do rock nacional, ao lado de Blitz, Legião Urbana, Titãs, RPM, Ultraje a Rigor, Kid Abelha, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, entre outros.

O Blog Cidade Acontece manteve contato com a vocalista do Metrô, Virginie Boutaud, para uma entrevista que você confere a seguir

Cidade Acontece – Como é, depois de ter vivido toda magia dos anos 80, principalmente, 1985, trinta anos depois, voltar com a mesma formação. Vocês encontram o mesmo público, mais maduro e ouvindo uma sonoridade um pouco diferente. Você vê um carinho especial por parte dessas pessoas, onde muitas se conheceram e se amaram ao som do Metrô. Como é isso pra vocês?

Virginie – A cada mensagem recebida nas redes ou ao vivo, em que alguém abre o coração contando alegrias vividas embaladas em nossas músicas, sinto felicidade por estar do lado bom da vida, que é bela. O lado da diversão, da construção de sonhos, do festejo, tão indispensáveis para pegar o embalo e sair pela vida com força. Pessoalmente este é um de meus melhores combustíveis. Pessoas pegaram 8 horas de estrada para vir assistir a um show, e na “Serralheria”, em São Paulo, conhecemos um jovem que havia trazido a mãe fazendo a ela uma surpresa: ela nunca tinha podido estar em um show do Metrô nos anos 80, e o filho “remediou”. Historias como essas são muito comoventes para todos!

Cidade Acontece – ‘Olhar’ é um clássico da época, recentemente, a Banda o relançou em uma edição comemorativa dos 30 anos do álbum, com bônus. Como esse trabalho foi recebido pela crítica no atual cenário musical?

Virginie – Bem, na verdade a edição está mesmo uma belezinha, o som de ‘Tudo Pode mudar’, ‘Johnny Love’, ‘Tititi’ e os outros sucessos ficou incrível com a remasterização. ‘Beat Acelerado’ encontrou finalmente seu lugar na versão do compacto, enquanto no vinil de 1984, por uma questão técnica de limite de tempo para cada lado do disco haviamos optado por uma citação da versão bossa nova, isto é, a versão «original» desta composição. E assim há muitas fotos até então inéditas, gravações de shows ao vivo da tour de 85, por cidades como Recife, Cornélio Procópio, Tupã, Jaú etc; remixes para dançar e ainda algumas demos. Todos os comentários e artigos mostram que as pessoas de um modo geral ficaram mesmo felizes em poder recuperar o ‘Olhar’ e ainda curtir uma pincelada do que foi aquela época. ‘Olhar’ está sendo muito bem acolhido pela crítica. Posso afirmar que muito mais até do que na época, quando, apesar de tidos como New Wave, roqueiros ou vanguardistas; tinhamos cometido o “pecado” de ser populares.

Cidade Acontece – Vocês continuam com letras leves, ingênuas; mantendo basicamente a mesma fórmula dos anos 80. ‘Dando voltas no mundo’, denuncia isso. Nunca pensaram em colocar uma “pitada” política, ou o momento não é propício?

Virginie – A música Stabilo’, do disco ‘Olhar’, parece brincadeira, mas tem palavras como «Humanóide meio sintético degenerador da raça e acha graça, culpado por estes tempos frenéticos… sente orgasmo só em pensar no desastre atômico». É é uma critica clara a humanidade. Em ‘Que loucura’ – “Se calar é tão fácil que eu não posso mais. Devo… deixar… isso… tudo? Que loucura”! Tinham e ainda tem muito sentido no que diz respeito à coletividade, à loucura do que é, continua sendo, e volta a ser, nas sacudidas da “evolução” mas destruição de nossa “nave mãe”. A mãe natureza , o planeta azul – TERRA.

Cidade Acontece – Defina ‘Dando Voltas ao Mundo’

Virginie – É uma conclusão, uma comemoração nossa a este reencontro legal entre nós com o nosso público. É o resultado da alegria de perceber que apesar de trinta anos sem subir no palco todos juntos o que rola é que ainda da a liga entre o Metrô. É raro, é esporádico, é precioso, excitante e palatável. Daí, se você for olhar direito o que está acontecendo com nosso Planeta, o único que temos, eu diria que falar em alegria é dizer que ‘A vida é bela lalaiá’, atualmente é uma postura política, acredito no poder da alegria. Cada música é uma história, e eu diria que cada interpretação é uma história. Novos parceiros estão trazendo novas cores e vamos “levantando a casa colocando os tijolos”, encaixando as experiências e vivência nas músicas. Isto não significa que estamos de acordo com o que vemos no mundo. A destruição do Planeta, as desigualdades sociais, racismo, pobreza, guerras, intolerância, preconceito… não. Não estamos de acordo.

Cidade Acontece – Nunca ouvir ou li algum comentário seu ou do grupo sobre a regravação do hit ‘Tudo Pode Mudar’ (Joe Euthanazia e Ronaldo Santhos), regravado por Jullie Vasconcelos. O que você achou? Evocês já chegaram a conhecer a Jullie?

Virginie – Você sabia que ‘Tudo pode mudar’ continua tocando uma média de 40 000 vezes por semana na web, fora às rádios e rádios web? Fiquei doida quando soube isso. Ela continua fazendo parte da vida  e do cotidiano das pessoas… isso é incrível, isso também deve-se à artistas como Jullie e Eliana que tiveram vontade de cantar essa canção de Joe e Ronaldo Santhos. Outra novidade é ‘Beat Acelerado’ também entrou recentemente na trilha sonora de um filme muito bom sobre os anos oitenta ‘Califórnia’ de Marina Person. Adoro, fico tipo mãe coruja com essas músicas, vendo a cria se esbaldando.

Cidade Acontece – A inédita ‘A Vida É Bela (Lalaiá)’, tem uma pegada reggae; diferente do pop que vocês sempre fizeram nos anos 80. Como foi a reação, por exemplo, de quem tá acostumado a ouvir sua voz em ‘Sândalo de Dândi’ ou até mesmo em ‘Beat Acelerado’?

Virginie – ‘A Vida é Bela Lalaiá’ foi uma unanimidade quando a apresentamos nos shows que fizemos em julho e agosto, quando estive no Brasil. As pessoas já saíram dançando e cantando conosco sem nunca ter ouvido. O arranjo reggae/calypso veio espontaneamente, na cola da letra de Rubinho Jacobina que traduziu exatamente o espírito da coisa. Tinha illustrado a melodia com uma foto de minhas garotas adolescentes, curtindo com amigas na areia de uma praia linda de Madagascar, onde vivemos por quatro anos.Tem uma melodia leve e feliz. O importante é fazer ela chegar até as pessoas, pois além do que se espera de “igualdade e diferença” na história do Metrô, a música, além de muito gostosa, é desprentensiosa e acho que elas vão gostar de ouvir e cantar.

Cidade Acontece – Quais as pretensões do Metrô, daqui pra frente?

2016 foi um ano excelente pra nós com diversos lançamentos. 1º, a edição comemorativa de ‘Olhar’, em formato físico em CD duplo que está nas lojas e nas plataformas digitais. 2° O álbum ao vivo gravado no Showlivre em Agosto em formato digital, com um som incrível; e por fim, o lançamento do single INÉDITO ‘A Vida é Bela Lalaiá’, também em formato digital. Nossa ideia e vontade é continuar trocando infos e sons com parceiros e carinho com o público, descobrir e criar novos caminhos, e principalmente, encontrar meios de fazer shows e curtir a vida que é bela. QUEREMOS em 2017 lançar um album de inéditas e fazer MUITOS SHOWS pelo Brasil.

Beijão para você Roberto, e para todos em sua cidade e na linda Bahia que tanto amamos.

Obrigado, Virginie!

Banda Metrô
Virginie Boutaud – vocal
Alec Haiat – guitarra
Yann Lao – teclados
Dany Roland – bateria
Zaviê Leblanc – baixo

Por Roberto Alves